segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012


Há uns anos atrás eu disse algures que não gostava da frase “As pessoas têm de gostar de ti, pelo que és!” e justifiquei, dizendo que para mim, a frase faria mais sentido se fosse: “As pessoas têm de gostar de ti, APESAR do que és!”

Um amigo meu, não concordou comigo e esta foi a conversa que se desenrolou, sobre o assunto:

N - O pressuposto de acrescentar a essa tão batida frase a simples palavra "apesar" parece-me deveras assustador.
Em primeiro lugar, quem somos nós para nos arrogarmos o direito de dizer ou saber porque gosta alguém de nós? Ou quem nos dá o direito de duvidar de alguém que nos diz q nos ama p aquilo que nós somos (e nota que eu disse/escrevi p aquilo q nós somos e n apesar do q nós somos)?
Em segundo lugar, na minha opinião, quando se diz que nos têm q amar pelo q nós somos, isso quer dizer, acima de tudo, que temos de nos dar valor e acreditar q temos qualidades suficientes para atrair o amor de alguém, interesse que surge daquilo que nós somos e não apesar do q nós somos.
Por último, parece-me um pouco deprimente estarmos sempre a achar que alguém nos ama apesar do que somos, porque isso parece-me uma sobrevalorização dos nossos defeitos, quando aquilo que devíamos enaltecer e cultivar são as nossas qualidades.
Houve alguém que uma vez me disse q todos nós temos o nosso mercado no campo afectivo e isso, mais uma vez, traduz q se procurarmos e nos deixarmos encontrar, há alguém no mundo, ou vários alguéns no mundo, que nos podem vir a amar pelo q nós somos e não apesar do que nós somos.
 
I - Não vejo nada de assustador na mensagem, mas ao intérprete a sua visão. Em segundo de onde veio a lenga a lenga, ou a suposição de que eu julgo alguém, ou se acredito ou não que gostam de mim? Eu sei que existe muita gente que gosta de mim, ou pelo menos do produto que sou.
A verdadeira mensagem que passou completamente ao lado, é de que nós somos (aquilo q a frase se dirige), um produto misógino da sociedade e classe a pertencemos e isso não é verdadeiramente aquilo que somos. Nós somos uma essência pura, balanceada na perfeição entre o bem e o mal. Uma luz e energia única camuflada pela pele da humanidade standarizada.
O "Apesar" refere-se exactamente a esses 50% de nós que é mau e que muitas vezes nem nós mesmos sabemos que existe, mas que está lá e que, apesar de toda a valorização das nossas qualidades continua lá adormecido, pronto a surgir se a situação o pedir. Faz parte de nós. O "apesar" não se refere apenas ao acordar do lado errado, não é só ser teimosa, não é só referente a um ou outro ginete a que todos temos direito, é algo que tem a ver com a nossa raiz com a nossa alma e que não se vê. Existe uma diferença... não concordas?
N - Que nós somos um misto de bom e de mau, de qualidades e de defeitos, ninguém põe em causa, muito menos eu.
Se é verdade que nós n mostramos à partida tudo aquilo que somos, também é verdade q aquilo que não mostramos aos outros e que está p além dessa primeira camada tem tanto de bom, como de mau.
Ao dizeres "apesar de", na minha opinião transmite a mensagem de que tudo aquilo que está nas camadas menos superficiais da nossa essência e que nós só vamos revelando aos poucos, é negativo. Isto é, à primeira vista gostaram do que viram e apesar de tudo aquilo que está nas camadas mais profundas do meu eu, devem continuar a amar-me, apesar dos nossos defeitos.
Concordaria mais contigo se dissesses: "para além" daquilo que transpareceu na primeira camada também descobri isto e aquilo sobre ti (e aqui englobo tudo o que nós somos, o bom e o mau) e de algumas coisas gosto, doutras gosto menos, ou considero mesmo irritantes. Mas o amor é isso mesmo é aprender a gostar do outro respeitando tudo o que ele é, o bom e o mau. 
I - «Isto é, à primeira vista gostaram do q viram e apesar de tudo aquilo q está nas camadas mais profundas do meu eu, devem continuar a amar-me, apesar dos nossos defeitos.»
A frase estaria perfeita se tivesse ficado em: Isto é, à primeira vista gostaram do q viram e apesar de tudo aquilo q está nas camadas mais profundas do meu eu, devem continuar a amar-me.
Porque tanto faz que o que está por baixo seja bom ou mau, é o que está escondido, ponto final. É aquilo que tu não conheces e que APESAR de tudo poderás e deverás amar.
"Apesar" e "além de", são ambas acções adversativas... têm exactamente o mesmo valor.

É óbvio que não tínhamos mais nada que fazer.... Enfim!


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